O projeto surgiu em 2014, motivado pela preocupação do Dr. Ramon Orriols, diretor do Departamento de Pneumologia do Hospital Universitário Dr. Josep Trueta, de Girona, e da sua equipa médica, que consideraram o subdiagnóstico da apneia do sono “um problema médico da máxima relevância”. Por conseguinte, a sua equipa de pneumologistas começou a trabalhar nas áreas básicas de saúde (ABS) em ambos os hospitais para começar a diagnosticar a apneia do sono a nível de cuidados de saúde primários.
Entre 2014 e 2016 foi realizada uma prova-piloto, dirigida pelo Dr. Èric Rojas, um pneumologista da Unidade de Sono dos hospitais Josep Trueta e Santa Caterina. A premissa do projeto estava baseada em que 80% das pessoas nalgum momento das suas vidas são tratadas num centro de cuidados de saúde primários. Adicionalmente, os principais utentes destes recursos, pacientes com alta prevalência de diabetes, hipertensão e obesidade, são também os que têm maiores probabilidades de padecer de apneia do sono. Por estes motivos, os centros de cuidados de saúde primários foram considerados o contexto ideal para o diagnóstico desta patologia.
O estudo implicou uma comparação dos diagnósticos automáticos de apneia obstrutiva do sono obtidos por oximetria de pulso noturna doméstica e poligrafia respiratória doméstica, posteriormente avaliados pelos respetivos médicos de cuidados de saúde primários, com o diagnóstico manual da poligrafia respiratória e os procedimentos completos de poligrafia realizados por um pneumologista no contexto hospitalar.
O estudo centrou-se em duas ABS que têm o Hospital Josep Trueta como centro de referência (Sarrià de Ter e Santa Clara) e duas ABS que têm o Hospital de Santa Caterina como centro de referência (Sils e Salt). Foi realizada uma seleção aleatória de um total de 599 pacientes, dos quais 97 finalmente participaram no estudo. 61% destes pacientes eram do sexo masculino, e a sua idade média era de 57 anos, todos sofriam de obesidade de classe 1 e eram na sua maioria ex-fumadores.
A prova-piloto revelou que 98,8% dos resultados de polígrafo obtidos automaticamente coincidiam com os obtidos manualmente pelos pneumologistas, demonstrando um diagnóstico positivo de apneia obstrutiva do sono. Quanto à gravidade, houve uma coincidência com o diagnóstico hospitalar em 95% dos casos que o médico de cuidados de saúde primários indicou que eram graves.
Os resultados da prova indicaram que a apneia obstrutiva do sono pode ser diagnosticada no contexto dos cuidados de saúde primários e que a análise automática facilita esse diagnóstico, especialmente nos casos graves. Estes resultados foram partilhados em diversos congressos nacionais e internacionais. Em 2017, o projeto “Diagnóstico da síndrome de apneia obstrutiva do sono nos cuidados de saúde primários da área de saúde de Girona (Obrador-Orriols)” foi apresentado na plataforma INNOBICS do Instituto Catalão da Saúde, cujo conselho executivo validou a fase-piloto no seguinte ano. A positiva receção do projeto encorajou os investigadores implicados a apresentá-lo à EIT Health.