O Dr. Anton Obrador, motor e coordenador do projeto INNOBICS-SAHS, entregou, aos seus 70 anos, a liderança do projeto ao Dr. Èric Rojas, atualmente diretor da Unidade de Sono do Hospital Universitário Dr. Josep Trueta de Girona e do Hospital de Santa Caterina de Salt.

Aquando da sua saída da posição de liderança, entrevistámo-lo sobre a sua experiência à frente do projeto.

Como é que surgiu inicialmente a ideia do INNOBICS-SAHS?

A ideia inicial surgiu de três conjuntos preliminares de circunstâncias. O primeiro foi o interesse que eu partilhava havia anos com a Dra. Susana Mota, a Dra. Mayte Casamitja e a Dra. Imma Castilla em descobrir a melhor solução possível para diagnosticar a apneia obstrutiva do sono nos cuidados de saúde primários. O segundo foi a implementação do projeto CÓDIGO SAOS em quatro centros de cuidados de saúde primários de Girona (Sarrià, Salt, Santa Clara e Sils), dirigido pelo Dr. Èric Rojas. E o terceiro foi o apoio e interesse do Dr. Ramon Orriols, diretor do Departamento de Pneumologia do Hospital Universitário Josep Trueta de Girona, em transformá-lo num projeto de investigação internacional.

O que é que torna esta iniciativa num projeto único?

A criação de uma trajetória de cuidados que garanta que o diagnóstico e tratamento da apneia obstrutiva do sono são coordenados entre os cuidados de saúde primários e os cuidados hospitalares, como uma única unidade e com o apoio de pessoal de enfermagem especializado no sono, de uma unidade de sono virtual e de uma plataforma específica.

Como foi liderar o projeto ao longo deste último ano e meio?

A experiência foi indiscutivelmente positiva, graças ao excelente apoio e profissionalismo de todo o pessoal de saúde implicado, que nos ajudou a superar todos os problemas e desafios que encontrámos, que, como pode imaginar, foram consideráveis.

Como vê a futura evolução do INNOBICS-SAHS agora que se encontra a meio caminho?

Agora que foi implementado em todos os centros de cuidados de saúde primários, estes têm já a capacidade de diagnosticar e tratar corretamente 70% dos pacientes, ficando só os restantes 30% com necessidade de serem encaminhados para uma unidade de sono hospitalar. Mas isto não significa que a carga de trabalho tenha diminuído, apenas que, como pretendíamos, se tornou mais complexa.

Que feedback está a receber dos profissionais que estão a utilizar a nova trajetória de cuidados?

Inicialmente, a aceitação enfrentou alguns desafios, provavelmente por se tratar de um processo novo, mas passado pouco tempo a resposta dos profissionais dos cuidados de saúde primários excedeu as nossas expectativas. O facto de o considerarem um projeto dirigido pelo seu próprio centro de saúde ajuda-os a encontrar soluções mais simples e diretas.

E dos pacientes tratados?

Os pacientes consideram que a atenção se tornou mais acessível, porque pode ser prestada a partir do seu centro de saúde de referência, o que é sempre mais fácil e conveniente para si. Também são vistos de forma mais rápida e num ambiente conhecido.

A equipa do projeto INNOBICS-SAHS gostaria de agradecer publicamente ao Dr. Anton Obrador a sua dedicação e liderança, bem como o ímpeto necessário para a consecução deste projeto, que já está a beneficiar centenas de pessoas em Girona e Lisboa.